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domingo, 22 de março de 2009

A Educação Ecológica - um grito de esperança

A Educação Ecológica - um grito de esperança[1]
“Educar e educar-se, na prática da liberdade, é tarefa daqueles que sabem que pouco sabem – por isto sabem que sabem algo e pode assim chegar a saber mais em diálogo com aqueles que, quase sempre, pensam que nada sabem, para que estes, transformando seu pensar que nada sabem, possam igualmente saber mais”
(Paulo Freire – Pedagogo e Educador)

Existem diferentes explicações para a origem do mundo e do ser humano. Tudo depende das raízes culturais que uma pessoa possui. De qualquer forma, não podemos fugir da história e, temos de nos lembrar que há muito tempo atrás o homem e a mulher viviam em harmonia com a Mãe-Terra. Hoje, porém, com maior freqüência, “aparecem” desequilíbrios ecológicos, poluição do ar, contaminação da terra e das águas, extinção de espécies animais, desmatamento, queimadas, etc...
A lembrança da harmonia primitiva resgata dentro de nós o sonho pelo qual todas as coisas foram feitas. “Embora todas as coisas partilhem deste sonho, nós, os seres humanos, dele partilhamos de modo singular. E aqui reside o encanto, a magia do mundo em que vivemos, seu mistério”[2]. O nosso maior fracasso seria que nos tornássemos o instrumento do esfacelamento deste sonho.
Tão raramente paramos para pensar sobre a nossa existência e o futuro do nosso planeta. Nos faltam a coragem necessária para perceber os limites que o desenvolvimento tecnológico enfrenta, (o mito do desenvolvimento econômico[3] caiu por terra), o espírito de defesa e preservação do planeta esta longe de ser uma prática humana, e até mesmo a educação ecológica. Algumas vezes até falamos em preservação da natureza, mas não tomamos medidas concretas, ao nosso alcance (educação ambiental), para que a situação não se agrave ainda mais. Com maior facilidade, através da nossa omissão, contribuímos para a morte do planeta e de nós mesmos.
Pensemos com seriedade na Educação? Ela está sendo instrumento para o fortalecimento da vida? Ou está levando para o conformismo diante de tantas situações de morte? Será que desperta em nós o espírito crítico para percebermos que o problema ecológico passa por uma falta ética na economia, na política, na cultura, na religião?
Não é possível vivermos como se fôssemos estranhos uns para os outros e fazendo de conta que não temos nada em comum. Justamente a luta ecológica é o que mais deveria nos aproximar, nos tornar irmãos e irmãs e capazes de realizar ações conjuntas.
Portanto, faz-se urgente a gestação de projetos alternativos nas áreas da agricultura, da indústria, da exploração do solo, da reciclagem do lixo, entre outras. Perguntemo-nos: que ações há neste sentido em nossa escola, em nossa cidade, em nosso país? Quantas pessoas seriam beneficiadas na gestação e concretização de novos projetos que possibilitassem uma convivência harmoniosa com a natureza?
· Se houvesse em cada cidade uma “usina de reciclagem do lixo que não é lixo”;
· Se houvesse em cada Escola projetos alternativos de conscientização dos educandos para o cuidado com o meio ambiente;
· Se nos conscientizássemos de fato sobre o perigo do tabagismo, considerando-o como caminho para a morte;
· Se buscássemos alimentos mais naturais,
· Se não desperdiçássemos água e evitássemos queimadas;
· Se plantássemos árvores e cultivássemos flores;
E ainda, nos empenhássemos para que não houvesse concentração de terras em poucas mãos.
Percebemos que os movimentos sociais hoje, mais ainda do que ontem, têm uma grande tarefa a cumprir – dar vida ao nosso país: lutar contra as diversas propostas que impõem um modelo social de exclusão e de desrespeito ao meio ambiente.
Acredito que os movimentos sociais são hoje um apelo, um grito por vida e por libertação. Pois ainda falta muita seriedade política para que se resolva a problemática da terra, da habitação, da fome e da educação no Brasil. É preciso uma luta conjunta para uma reforma urbana (possibilitando aos cidadãos a dignidade da moradia) e aos vocacionados a terra sua volta ao campo – o êxodo urbano - realizando uma verdadeira reforma agrária o que para a maioria desempregada seria a única alternativa capaz de livra-la da delinqüência e da marginalidade as quais muitos jovens e adultos estão submetidos.
Para que a vida floresça de novo em nosso meio é necessário um trabalho de valorização do homem do campo e de seu trabalho quase sempre pago de forma iníqua. Isto com certeza pode aumentar a qualidade de vida de mais pessoas e fazer com que tenhamos uma melhor distribuição dos bens que são pertencentes à humanidade e não a algumas pessoas privilegiadas. A terra é dom de Deus – e pertence a seus filhos e filhas. Pois “tudo que fizermos aos filhos da terra estamos fazendo à Mãe terra”.
“É difícil alterar uma decisão de fundo. Lembremos o que aconteceu ao Titanic, em sua primeira viagem. Havia evidência suficiente que encontrariam icebergs pelo caminho. Manteve-se, contudo a rota programada, e ninguém quis alterar o rumo. Havia ilimitada confiança na capacidade de sobrevivência da nave e, aliás, já era bastante preocupar-se em manter a simples rotina normal da viagem ...”[4] Não temos muitas vezes a energia necessária para alterar nosso modo de agir. No caso do futuro do planeta, dispomos ainda de algum tempo para a mudança de rumo, para abandonar o modelo econômico neoliberal, explorador, e adotar um modelo econômico de cunho mais ecológico. Projetos como a lei de biosegurança e transgenia, por exemplo, precisam ser melhor discutidos com a sociedade retirando sempre o caráter pragmático e imediatista das decisões políticas.
Quando sonhamos com a Vida e a Esperança sonhamos com um mundo mais harmonizado, com amor e paz. A paz é fruto da justiça! O primeiro passo de nosso grande sonho, na realidade concreta em que vivemos, é salvar a vida, ameaçada de morte por todos os lados.

Questionamento

1 – Como cultivar a responsabilidade com o planeta e a harmonia nas relações humanas e com a natureza?
2 – Qual é a nossa tarefa como educando e educadores para gestar uma nova forma de convivência e participação social na construção de novas relações?

[1] José Igídio dos Santos, licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia pelo CEARP e Psicopedagogo – Professor universitário em Monte Aprazível – SP e da rede pública estadual em Fernandópolis - SP.
[2] Berry, Thomas. O Sonho da Terra, Ed. Vozes,1991, in passin.
[3] A economia é a arte de administrar os recursos escassos a fim de que eles atendam as ilimitadas necessidades humanas. (D.a)
[4] Berry, Thomas. O Sonho da Terra, Ed. Vozes,1991, p. 213

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